Após toda a recapitula??o de um momento vicioso que presenciou, Loc acorda, apesar de tranquilo, desequilibrado por vivenciar os tra?os da realidade maligna em que estava inserido.
A discrepancia espontanea com a sua vida atual somente intensifica a diferen?a da anedonia que sentia com o ócio apaziguador de agora.
Seus pensamentos se intensificam devido a seu sonho psicodélico, levando-o para a mesma rotina de prós e contras, o porquê e o quando de tudo.
'N?o basta ter estes sonhos, minha cabe?a ainda me leva, eu querendo ou n?o, para inferir sobre estas coisas anedóticas a um sádico' Loc pensa com tristeza com os olhos fechados.
Ele nunca ficou em estado de quase morte, debilitado seria o máximo que chegou, mas apenas pelo profundo rancor que carregava e usava como combustível para a destrui??o que tentava gerar.
A sensa??o de tens?o como uma corda puxada até o limite, havia se tornado uma constante aten??o que o fazia varrer o ambiente por qualquer movimento ou espa?o n?o natural ao ambiente florestal.
Ser extremamente vigilante o cansava mentalmente todos os dias, como um aviso abissal pairando sobre seu pesco?o todos os dias, e por mais de toda a sua cautela, o sentimento de ter a possível chance de cair em um armadilha de qualquer vietcongue ou ser tomada por tiros até virar uma peneira como seus inúmeros aliados que já teve.
A loucura daqueles gritos de agonia e dor, acompanhava seus ouvidos em toda caminhada pela floresta, era o lembrete constante de seu subconsciente de que, um dia, quem irá vociferar aqueles berros torturante será ele.
Vivenciar n?o somente o ato final do corpo sendo puxado para o fim, mas também o sofrimento antecedente ao óbito iminente, o fez, muitas vezes, finalizar os próprios aliados, dando-os uma morte rápida.
Nenhum dos que assistiam a cena abjeta, levantou uma obje??o, eles tem por puro instinto e empatia que em condi??es degradantes em que viviam, sobreviver a um acidente era prolongar o inevitável fim.
Alguns ainda lutavam para manter o véu diante da realidade inescrupulosa, tentavam ignorar ou evitar pensar no pesadelo vivo em que estavam imbuídos, mas a estratégia de n?o querer acreditar sempre cobrará seu alto pre?o, dando o troco em forma de quebrar suas expectativas e cren?as em cacos de vidro.
Loc, entre eles, sentia o mesmo, contudo, talvez, por uma tentativa de seu inconsciente tentar preservar o mínimo de estabilidade psicológica, o fez simplesmente abra?ar os fatos subliminares dos acontecimentos, ele viveu com a lucidez, porém o outro lado da moeda de sua filosofia o fazia ter a pesada percep??o de que o niilismo, neste tipo de cotidiano, estava correto e aplicável.
Como a matemática, ela existe desde sempre, somente a descobrimos e a visualizamos, é uma parte da realidade, n?o algo criado, ela é a uma fra??o do mundo, é intrinsico.
Antes a escassez de esperan?a que, embora sendo uma tábua de salva??o em meio a uma tempestade furiosa do oceano índico, te dava um pouco de salva??o para o futuro.
Contudo, quando se cai no limbo da crua desesperan?a, o que te resta a agarrar e acreditar é em seus sentimentos mais profanos e primitivos, alguns s?o empurrados para a promiscuidade e hedonismo bestiais que se transforma em uma anestesia anedótica.
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Outros para o mais puro ódio, que arde como uma chama uivante, te cegando e fazendo seguir em uma destrui??o de si próprio e o seu ambiente circundante.
No caso de Loc, foi a densa mistura desta chama com o vazio existencial, originando a ambiguidade de viver se entregando a escolha do destino, causando sua vingan?a ao mundo, porém, como um pêndulo de newton, ele voltava entre a pergunta e a resposta mais frequente em sua vida passada:
'Por que viver? N?o há nada a me apegar além de meus pensamentos, nenhuma pessoa em quem confiar, n?o tenho lar nem nada a pertencer. N?o possuo nem uma foto de meus pais, minha memória de seus rostos estava ofuscada ... mas continuo? Espalhar a desgra?a a meus inimigos, transfira o dano de que sofri em minha vida para aqueles que lutam contra minha cruzada em busca da reden??o.
Mas apenas para no final eu ter uma cesta de doces que, cada vez que eu engulo um, eu recebo o amargo sentimento de que n?o serviu para nada, eu sou praticamente um pária.
Quebrado e disfuncional para a sociedade, empanturrado de instabilidade e traumas, irreparável e inútil para reconstruir algo a se prender sentimentalmente.
Meu primeiro professor falava que as pessoas que esqueceram sua história n?o tem futuro. Mas este futuro é agora, e pessoas que n?o tem futuro n?o precisam de história'
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Sentindo de olhos fechados que adormeceu confortavelmente e que esta abra?ando algo como um corpo, Loc abre seus olhinhos lentamente.
Com os olhos desfocados, Loc vagarosamente vai recobrando a consciência e no??o de seu entorno depois de passar por seu ciclo de ideias.
Ele se vê deitado de bru?os em algo macio, mas um pouco duro dos lados, ele tem um vis?o mais alta em rela??o a cama, porém n?o está deitado nela.
Virando sua cabecinha para a direita, Loc vê a ruiva deitada de barriga para cima e o olhando de canto, ela estende a m?o e a passa levemente em seu pequeno rosto, sorrindo levemente com os cabelos carmesins escuros bagun?ados.
Ela fala docemente uma palavra, que Loc presume ser seu novo nome, mesmo n?o entendo, ele acha o som da palavra agradável e fácil de se acostumar.
Loc percebe que o lugar estranho em que está deitado agora está descendo e subindo um pouco.
Tarde por sua bobeira, Loc percebe que está deitado no abd?men de sua m?e, ela percebendo que esta acordado, passa as m?os em suas pequenas costas.
Ela e a ruiva, come?am a conversar casualmente uma com a outra, Loc pelo mínimo que sabe de um idioma quando aprendeu com os americanos e na adolescência, tenta saber o tom e palavras que se repetem. Mas quase tudo passa imperceptível para ele, exceto seu nome.
Com o dia escurecendo, Loc vê a descida do sol pela grande janela do quarto que esta sem as cortinas a tapando.
Loc sabe que agora tem todo o tempo do mundo, e quer o usar utilmente, tanto para resolver seus sentimentos conflitantes e danosos, no mínimo o deixar funcional para viver adequadamente, para aprender este idioma novo e entender estas pessoas.
Famílias normais têm amor por seus filhos, e ele reza para que seja o mesmo com ele, ele já tem a confirma??o das duas mulheres, mas ainda tem dúvida em rela??o a seus outros parentes.
Em sua infancia ele pensava que era algo normal ter esta condi??o calorosa de sua família, porém com o saber do crescimento, ele descobre que muitas pessoas n?o detém esta afável exclusividade.
Quando entrou na escola maior com seus 12 anos, Loc viu muitas crian?as maldosas e outras reprimidas, ele atualmente tem a opini?o de que o comportamento de uma crian?a é boa parte como uma esponja, ela absorve o ambiente, logo ela pode se tornar pútrida e imunda igualmente.
'Que sensa??o boa. Esta paz e conforto, tomará que continue por um bom tempo' Loc sorrindo satisfeito, fala mentalmente com felicidade verdadeira e incomum a ele.
Olhando para o entardecer, Loc vê que ao longe, no céu, existem duas luas diferentes em tamanho. Surpreso com isso, Loc recebe mais uma prova de que ele está bem distante do normal.
N?o o bastante, de relance ele vê que na m?o da ruiva está se formando, circulando e criando gotas até surgir uma pequena esfera de água cristalina.
De olhos arregalados e em choque, Loc assiste a ruiva separar a esfera em gotas com a m?o aberta, e as levas até seu rostinho, limpando depois com um len?o.
'N?o é possível' Loc pisca repetitivas vezes para testar sua sanidade, e ver as nuances da a??o da ruiva somente o faz ficar mais em choque.
Sua m?e coloca a m?o em sua cabe?a e Loc sente uma energia o inundando com cautela e passando por todo o seu corpo algumas vezes. Quando sua m?e tira a m?o, a energia n?o está mais o circundando.
'Nossa, que mundo bizarro' Loc come?a a rir sozinho com isso tudo, porém para as duas mulheres é parecido com um choro, as duas se apressam para acalmar o bebê nervoso, mal elas sabem que ele ri de alegria e surpresa.
O alvoro?o vergonhoso continua até a porta se abrir devagar e entrar o homem de cabelo curto e preto profundo de antes.
Ele está com uma roupa parecido com a de suas m?es, mas também veste um colete cinza de couro com cordas finas para amarrar no torso, de pés descal?os e com pulseiras de couro.
Ele logo chega e já come?a a vir de um jeito melindroso para pegar seu filho. A loira se levanta com Loc nos bra?os, e a ruiva se senta na cabe?a para arrumar seu cabelo com um pente, todos come?am a conversar enquanto Loc ri solu?ando.
Ele pega Loc nos bra?os e beija sua cabe?a freneticamente, Loc sentindo sua felpuda barba por fazer, o faz sentir cócegas na testa.
'O pai de olhos roxos ... será que tenho cabelo loiro ou preto?'