Você é um daqueles que corrompeu e maltratou os pequenos anjos do senhor, ou é daqueles que os reconheceu como tal?
O arcanjo passou os olhos pelo grande sal?o. O silêncio era enorme, cheio de expectativa. A nave estava estacionada perto de um portal, onde naves sumiam e surgiam, como formigas na boca de um formigueiro.
Devagar puxou o olhar novamente para dentro da nave, para os seres que ali aguardavam.
Miguel observou por um tempo a multid?o ali reunida, pacientemente. Por fim, resolveu quebrar o silêncio, seu cora??o pulsando suave em reconhecimento do enorme amor que estava ali. Um amor sem compromisso, sem exigências, limpo, leve.
- Obrigado a todos vocês por terem atendido ao meu convite. Conforme a prévia que receberam, a miss?o para a qual os convidei é de extrema importancia, n?o só para um planeta muito amado e para toda a vida que ali floresce e irá florescer. O que irá se desenrolar ali tem o potencial de afetar todo o universo, todos os universos, e isso porque a vibra??o é intensa demais ali. Vocês já devem ter ouvido falar de Gaia, e que ela desceu pesadamente na experiência, e que os escuros desceram com toda a for?a para dentro dela. Eles desejavam participar da experiência e torná-la sua. Afinal, essas novas criaturas, os homens, s?o... diferentes, porque eles podem conter em si a escurid?o e a luz, e os escuros sempre desejaram fazer dela um instrumento para adensar ainda mais a escurid?o, além de um ponto que julgam limite.
- Sabemos disso, como sabemos que o sofrimento é imenso – falou Theliel, - e que alguns que conhecemos já desceram para a experiência com o intuito de impedir a destrui??o de Gaia, porque é somente isso o que nos restou, até agora.
- Fala dos ganedrais?
- Sim...
- Sim, os valorosos Ganedrais. Muito sacrifício... Ah, mas muitos outros desceram antes deles, e a grande maioria lá se perdeu - lembrou.
- Mas, mesmo com todos eles descendo, ainda n?o está sendo suficiente, n?o é mesmo? – cismou Gadhiel observando a express?o de Miguel.
- N?o, n?o est?o.
- Ent?o, o que podemos fazer? – perguntou Layla, os olhos fixos no arcanjo.
- Há alguns seres de poder lá, poder residido ali pelo próprio Trov?o, que apesar de penderem alguns para a luz e outros para a escurid?o, est?o t?o próximos da fonte que essa defini??o por si só é falha.
- Já ouvimos falar das mutas – sussurrou Cassiel.
- Sim, s?o as mutas. Elas s?o um receptáculo de poder, de grande poder, e podem ser habitadas. Três delas já est?o habitadas. Elahin, Lúcifer e Safiel é o nome deles. Mas, ainda temos dez que procuram um poder.
- Os dem?nios e os escuros tentaram tomá-las?
- Tentaram, mas falharam. Elas n?o podem ser tomadas, n?o podem ser obrigadas. Apesar de serem poderes de certa forma amorfos, elas vibram, e a vibra??o delas n?o aconselha grande proximidade com os dem?nios.
- Ent?o, todas elas s?o da luz?
- Digamos que n?o é bem assim, Sekhemeth. Quem aceitar nelas mergulhar, e que elas logicamente aceitarem, precisam saber que, tal como há o véu de maya sobre o planeta, há também um véu sobre as mutas. Elas s?o poderosas, s?o consideradas frias jogadoras, e muito perigosas. Mas, ao final, elas s?o poderes de equilíbrio, sempre vigiando os destinos de Gaia, e isso porque dela o Trov?o tem grande apresso.
- Qu?o grande é o poder delas? – preocupou-se Layla.
- Elas podem reiniciar toda a Gaia, se isso julgarem que deva acontecer. Nesse momento está sendo disponibilizado a vocês tudo sobre elas, e sobre cada uma delas. Por isso vocês foram convocados. Gostaríamos que considerassem mergulhar na experiência, partilhando as energias brutas das mutas.
Todo mundo ficou em silêncio, pesando o que era pedido.
Miguel observou os rostos tensos, e suspirou aliviado ao ver sinais de contentamento por uma experiência como aquela.
- é uma miss?o muito perigosa...
- Sim, é sim, Gadhiel. Por isso todos vocês foram convocados, chamados por todos os universos. Sabemos a for?a na luz que vocês possuem. Além disso, devemos observar o que essa experiência irá proporcionar; pois será um salto extremo nas almas que assim se permitirem.
- Voltando aos riscos... – insistiu Anael.
- Inúmeros, e imensos, ainda mais considerando o tamanho poder que ir?o possuir, o que poderá se contrapor até mesmo aos nossos. Por isso escolhemos com cuidado os que poderiam ser convocados, porque algumas das energias dessas mutas olhar?o com mais carinho para a escurid?o, enquanto outras olhar?o com mais carinho para a luz, apesar de sabermos muito bem que todos estar?o em risco.
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- O caminho para os mostradores do caminho é esse? – perguntou Devani?.
- Sim... Yeshua e as Maria v?o descer quando o momento se mostrar, para come?ar a subir Gaia como um todo, sendo precedidos em milênios por veladores, que fortalecer?o as linhas de tempo para eles.
De repente um silêncio espesso desceu no imenso sal?o, quando fagulhas luminosas desceu sobre todos.
Miguel aguardou que despertassem e assimilassem os conhecimentos sobre as mutas que estavam sendo passados.
- Ent?o, meus amigos, aceitam? – perguntou, ao ver que todos eles já estavam cientes de tudo o que era necessário, e as energias que mostravam que as decis?es já haviam sido tomadas.
- Dez est?o vagas?
- Sim, Gadhiel, dez est?o vagas, e precisam de quem as habite.
Sem mais qualquer palavra Miguel moveu com suavidade o bra?o, o amplo sal?o iluminado por um sol acima na cúpula treze caveiras surgiram.
Três delas, Maestra, Canhestra e Nanindeua, se colocaram ao lado, porque já estavam habitadas.
> Essas s?o as mutas, meus amigos. Apenas pe?o que entendam: sabemos que todos vocês atenderam ao nosso chamado, mas s?o as mutas, em último caso, que far?o a escolha. De todos os que se apresentaram para a miss?o, só os escolhidos por elas realmente ir?o se apresentar ante nós, e podem ser em um número muito superior ao das mutas que procuram um ser para as habitar. Ser?o desses que se apreentarem que elas ir?o escolher.
Seu cora??o deu um pulso comovido quando centenas deles avan?aram um passo, se destacando da multid?o que estava ali. Sorriu para os que, apesar de tentarem, n?o haviam conseguido se adiantar.
Examinou o semblante de todos os que n?o haviam sido escolhidos e ficou maravilhado. Havia gratid?o naqueles rostos, havia amor pelos que se apresentavam.
à sua frente centenas de seres, além dos anjos e demianas também se apresentavam os que se pensavam caídos, como dem?nios e dêmonas; e todos eles se mostravam prontos.
Eles se postavam tranquilos, os rostos sérios e concentrados à frente das centenas de milhares de seres ali presentes, que também haviam se prontificado para a miss?o, que sorriam, enviando energia para os escolhidos. Havia uma aura de amor e poder à volta deles que o tocou profundamente.
Olhou para Gadhiel, que tinha os olhos mansos, examinando a sua família, que estava quase toda no meio dos escolhidos.
A muta SempreViva de repente pulsou, ocasionando um igual pulso em Cassiel, e os dois se ligaram. E VidaSempre se ligou com Sekhemeth, enquanto Haniel se ligava com NuvemAlta. Ent?o Dana??o e Amonet se tocaram, como Tueris e Maresia. DosVivos pulsou forte, se ligando rapidamente com Theliel, enquanto DorEManso se ligava com Devani?.
Miguel sentiu seu cora??o crescer de alegria, vendo o chamado ser atendido com tanto carinho e entrega. Com os olhos marejados viu Alegoria se ligando com Zadiel. Ent?o Montesa esticou sua energia e tocou em Adiene, que inspirou demoradamente.
Ent?o viu Volitora pulsando como se estivesse pensativa, aguardando. Percebeu que ela olhava cada um ali, e outros, bem longe no universo.
Com uma pulsa??o suave Bhantor, e Anael flexionaram as cabe?as em despedida, e se foram embora. Miguel, Gadhiel e Layla sorriram para os que partiam, desejando-lhes ventura nos caminhos que escolhiam.
Gadhiel sentiu seu peito se encolher quando viu o pulsar de Volitora, que causou uma resposta em Layla. Com esfor?o refreou a inten??o de se interpor, mas sorriu para os dois, para Miguel e Layla. Layla apertou os lábios entre os dentes e, com um sorriso resignado, deu um passo à frente.
- Será uma aventura maravilhosa, Gadhiel. Eu estou muito honrada, Miguel – falou num murmúrio assim que Volitora se fixou nela. – Vai ser incrível, Gadhiel...
- Será sim, meu amorzinho – Gadhiel murmurou, os olhos fixos nela, como se procurasse guardar com sofreguid?o tudo que era ela. - N?o se esque?a: nunca estará sozinha, Layla, como vocês nunca estar?o sós, porque eu estarei ao lado de vocês, e eu também n?o estarei só – declarou aos outros, vendo as mutas e seus irm?os brilhando fortemente enquanto, junto com as outras três mutas, se iam da planície. O último olhar de Layla fixos nos seus olhos foi o que permaneceu, enquanto ela se desfazia.
O silêncio existiu ali por um bom tempo, todos assimilando tudo o que acontecera ali.
- Agrade?o enormemente o amor e a presen?a de vocês, meus irm?os. Obrigado. Adanenai, meus irm?os.
- Prada – foram respondendo os milhares de seres, suavemente sumindo no ar.
Miguel ent?o se voltou para Gadhiel, que permanecia pensativo, os olhos baixos, perdidos onde Layla estivera.
- Eu sabia que vocês se apresentariam – sussurrou Miguel comovido, por fim. – Estes tempos est?o sendo... memoráveis. Acho que nem mesmo Yeshua acreditava que tantos se apresentariam para algo t?o... pesado e terrível, e que mostra, no seu cerne, todo o amor que é o próprio UM.
- S?o muitos seres incríveis, n?o é mesmo? E nem todos se apresentaram ainda – Gadhiel sorriu, os olhos vazios e pesados, ainda baixos.
- Ela vai estar bem, Gadhiel, ainda mais com você atento a eles. Apenas tome cuidado, porque eles ser?o um poder cada vez mais intemporal, e por isso, digamos, um tanto amorais, quanto mais mergulharem na experiência. N?o ser?o, por algum tempo, sua família.
- Eu sei, como sei que vai ser temporário. Tomarei cuidado, com eles e comigo – sorriu. - Bem, e quanto a você, Miguel? – perguntou levantando o rosto.
- Lá e aqui. Você sabe o quanto A Ordem ainda está muito forte, e como a Federa??o é nova. Mas, esse planeta...
- Gaia sempre foi especial, estranhamente especial. O UM teve muito cuidado com ela. Foi ele que enviou os anjos para cuidar dela no come?o, e para ajuda-la a se formar, n?o foi?
Miguel sorriu ...
- Fala de Lázarus e sua família?
- Sim... Foi especial a chegada deles em Gaia.
- Meu irm?o, n?o é tudo o que acontece obra do UM? – sorriu amoroso.
- Está certo. A descida de Layla me... Bem, sinto muita afinidade por Gaia, desde o come?o, e pelas centelhas que ela ama abrigar, dem?nios e anjos, e nefelins e dahrars, e homens e pessoas que abriga, além de todos os outros reinos. Sei bem como os tardischs foram cativados por Gaia, porque eu também assim estou. Ent?o, meu amigo, lá e aqui...
- Tardishs...
Gadhiel suspirou fundo, colocando sua aten??o na quest?o de Lázarus e Ariel. E n?o pode deixar de sorrir quando fez isso.
> Acho que logo Lázarus e Ariel v?o cansar de suas brincadeiras, n?o v?o? – falou abrindo um enorme sorriso.
- Acho que vai demorar um pouquinho ainda – falou, abrindo uma vis?o onde uma lobisomem combatia com um caipora de aspecto franzino.
- Ela está mesmo com raiva, héim? Nem a vis?o de um ser assim fraquinho a comoveu?
- Pode n?o parecer, mas já melhorou muito – Miguel riu, vendo a lobisomem trucidando o caipora, enquanto era consumida pelas chamas.