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APENAS UM PUXÃO DE ORELHAS

  A frustra??o me fez esquecer, por um mínimo que fosse.

  Ela estava nervosa. Em fogo quase branco andava de um lado para o outro, os olhos permanentemente vigiando o homem que a observava aterrorizado.

  - Mas o que deu em você?

  - Essa sua armadura, esse ferimento no lado. Me lembra algo ou alguém, que n?o me dá muito gosto lembrar.

  - Mas, o que você quer que eu fa?a, flor-do-mato? Que eu ande pelado por aí? – reclamou.

  -Argh... Quero apenas que desapare?a - e nisso parou e o encarou.

  - N?o sei n?o. Sabe, eu...

  O grito logo morreu assim que uma violenta língua de fogo o envolveu.

  Tomado de frustra??o um anjo se mostrou de dentro das chamas, a espada atingindo mortalmente a flor-do-mato, que observava sem entender o que estava acontecendo. Ent?o olhou para baixo, para a larga ferida enquanto seu fogo diminuía rapidamente. Com ódio subiu os olhos para o anjo que mantinha a espada em riste. Mas, no último instante algo pareceu fazer sentido, sentido esse que desapareceu enquanto se desfazia no ar.

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  De surpresa, surgindo do nada, Emanoel atingiu o anjo com a asa, derrubando-o com dureza no ch?o. Lázarus girou o corpo e ficou ajoelhado, pensativo, respirando pausadamente, mantendo-se for a da energia de enfrentamento. Ent?o levantou os olhos para Emanoel, uma pergunta muda boiando em seu rosto.

  - Você n?o estava sob o véu, n?o estava esquecido. Cansou?

  - Eu sabia quem eu sou, sim. Cansei dela ficar me matando sem outro sentimento que n?o o ódio – se justificou, os olhos duros no arcanjo.

  - E por acaso acha que a atingindo como um anjo a fará ter mais empatia? Pois eu acho, meu amigo, que só vai refor?ar o sentimento ruim que ela tem por Lázarus, n?o concorda comigo?

  - Ah, está bem, você está certo – reconheceu se levantando e batendo o pó do corpo, a voz triste e um pouco distante, embainhando a espada. - Agrade?o por me chamar a aten??o. Espero que o ódio dela por mim n?o tenha sido refor?ado.

  - Esperemos que n?o, Lázarus. E, ent?o, de nada – Emanoel riu enquanto se sentava numa rocha, o olhar divertido sobre ele. – Sabe, meu amigo, a frustra??o faz coisas. N?o se leve muito a sério, nem a ela e nem ao que espera. Se divirta, meu amigo.

  - Mas, doí, Emanoel – reclamou.

  - Deixa de se sentir vítima – riu. – Mas, concordo com você... Essa deve ter doído muito - riu Emanoel.

  - Doeu sim. O corpo do homem é bem frágil, e senti cada parte queimando. N?o foi legal - reconheceu Lázarus.

  - Me diz, onde doeu mais? – Emanoel perguntou, um riso sendo segurado com esfor?o no rosto.

  Lázarus fez que n?o percebeu. Estava chateado demais.

  - A minha pele grudou na roupa e na armadura. Acho que ela sabia que ia doer demais ficar dentro da armadura em brasa – deu um sorriso simples.

  - Quem mandou usar aquela armadura?

  - Achei que seria uma boa ideia, para lembrá-la.

  - Realmente, e deu muito certo. Ela se lembrou...

  - Sem dúvida. Ela se lembrou, mas apenas de seu ódio – riu Lázarus, relaxando também.

  - Como acha que vai ser da próxima vez?

  - Acho que vai continuar a ser bem dolorido – riu um pouco abatido.

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