Ele estava ali de novo.
A mesma carruagem. O mesmo balan?o suave das rodas sobre um caminho invisível.
Tudo ao seu redor era coberto pelas sombras – formas distorcidas de um mundo que ele nunca enxergava por completo. Apenas vultos, espectros sem rosto, exceto por uma única figura.
A mulher o segurava nos bra?os. Seu toque era quente, reconfortante, e Nwyn sabia que ali, naquela vers?o esquecida de si mesmo, ele era apenas um bebê.
Mas algo estava diferente dessa vez.
Um fio vermelho serpenteava pelo ar, saindo da carruagem como um caminho vivo, chamando-o para segui-lo. E ele seguiu.
N?o era mais um bebê quando seus pés tocaram o ch?o. O tempo distorcia-se na vis?o, e ele agora caminhava por um trilho de fios escarlates, que se multiplicavam a cada passo. Um rio dan?ante de vermelho se estendia diante dele, crescendo, guiando-o para algo maior.
Ent?o, as sombras se dissiparam.
Ele chegou a uma planície.
As cores ali eram vívidas, belas. Flores silvestres se espalhavam em todas as dire??es, oscilando ao vento, e pela primeira vez, aquele mundo parecia real.
Mas no centro da planície havia um po?o.
As pedras que o formavam eram negras, pesadas, como se pertencessem a outro lugar, outro tempo. Nwyn sentiu o peso da escurid?o se acumulando ali dentro. Algo se movia lá embaixo, invisível aos olhos, mas denso o bastante para fazer seu peito apertar.
Ele n?o se aproximou mais.
Ent?o, ouviu.
Um lamento baixo, vindo das profundezas.
No horizonte, uma montanha colossal se erguia sobre a planície. E quando o lamento ecoou mais forte, as rachaduras come?aram a se espalhar por sua superfície. Uma a uma, fendas gigantescas rasgavam a pedra, até que, com um estrondo, a montanha inteira desmoronou.
E das ruínas, algo emergiu.
Uma garra descomunal rompeu as rochas, negra como a noite. Garras longas e afiadas rasgaram os destro?os, varrendo o céu em um movimento que fez a terra tremer.
O ch?o sob os pés de Nwyn ruiu.
As rachaduras se estendiam, rasgando a planície, indo direto ao po?o. Mas ali, elas pararam.
E ent?o, os fios vermelhos come?aram a se desfazer.
Sugados um a um para dentro do po?o, como se algo os puxasse das profundezas. O rio escarlate desaparecia diante de seus olhos, cada fio consumido pela escurid?o.
E quando o último fio foi tragado para dentro—
Um grito de dor irrompeu do po?o.
T?o profundo e cortante que perfurou o próprio ar.
O grito ainda ecoava em sua mente quando ele abriu os olhos.
O quarto estava escuro, iluminado apenas por uma fresta de luz que escapava da janela fechada. Seu peito subia e descia com for?a, e a sensa??o da sonho ainda vibrava dentro dele.
Mas n?o era apenas isso.
Por anos, ele tivera o mesmo sonho. A carruagem. As sombras. A mulher segurando-o nos bra?os. Uma cena repetida tantas vezes que se tornara uma lembran?a turva, sem come?o nem fim. Ele nunca havia questionado aquilo. Nunca se perguntou por que sonhava sempre com o mesmo instante congelado no tempo.
Até agora.
Agora, o sonho havia mudado.
Aquela era a vis?o que a semente lhe dera.
O fio vermelho se desenrolando à sua frente, levando-o para longe daquele útero de sombras e guiando-o para algo novo.
E o grito—aquele grito de dor que ainda ressoava dentro dele—pertencia a alguém.
O quê aquilo significava?
Ele passou as m?os pelo rosto, sentindo o suor frio na pele. Seu cora??o ainda batia rápido.
Respirou fundo, tentando dissipar a sensa??o sufocante da vis?o, do novo sonho. Apoiou as m?os no colch?o e se sentou, sentindo os músculos protestarem, mas estava melhor. Bem melhor.
O ar estava carregado com um cheiro forte, denso, que fez seu nariz se contorcer. Ele reconheceu imediatamente.
Os sais de banho da bacia.
O cheiro impregnava o quarto desde a noite anterior, um aroma intenso que ele n?o conseguira se livrar. Ele deveria ter pedido para trocarem seu quarto, mas n?o quis incomodar ninguém. Agora, seu nariz parecia entupido, e a sensa??o desagradável se misturava ao peso do sonho, tornando tudo ainda mais sufocante.
Ele soltou o ar devagar e se levantou, puxando o casaco que Garlei havia deixado dobrado perto da cama. O tecido era leve, mas o conforto do gesto era o suficiente para acalmar parte da inquieta??o que ainda latejava em sua mente.
Abriu a porta e caminhou pelo corredor, ainda um pouco lento, os sentidos despertando aos poucos. Foi ent?o que percebeu uma figura mais à frente. Uma mulher atravessava o corredor, virando a esquina com passos silenciosos. Seus cabelos castanhos, com um leve tom avermelhado, balan?aram conforme ela se movia, mas Nwyn n?o conseguiu ver seu rosto antes que ela desaparecesse no final do corredor.
Ele parou por um momento, franzindo o cenho. Sentiu um inc?modo estranho, como se algo em sua mente tentasse alertá-lo.
Sem pensar muito, ele retomou seu caminho, descendo as escadas.
Os degraus rangiam levemente sob seus pés enquanto ele descia, e a sensa??o do sonho ainda pairava sobre ele como uma sombra persistente.
O cheiro forte dos sais de banho come?ava a se dissipar conforme ele se afastava do quarto, substituído pelo aroma ameno de algo sendo cozido em algum lugar da casa. O ambiente ali embaixo era mais acolhedor, iluminado pela luz que atravessava as janelas.
Quando alcan?ou o térreo, ouviu o farfalhar de tecidos e passos cuidadosos. A senhora que lhe oferecera comida na noite anterior apareceu no corredor, carregando uma pequena bandeja nas m?os. Ao vê-lo, ela ergueu uma sobrancelha, avaliando-o dos pés à cabe?a.
— Ora, ora, o senhorzinho finalmente resolveu se levantar — disse ela, colocando a bandeja sobre uma mesa próxima. Sua voz carregava um tom meio severo, mas n?o era hostil.
Nwyn piscou, sentindo o peso do olhar avaliador dela.
— Eu… dormi bastante?
— Bastante. O senhor Garlei saiu cedo para resolver algumas coisas e me deixou encarregada de cuidar de você. — Ela enxugou as m?os no avental e ent?o se aproximou. — Venha cá, deixe-me ver essas m?os.
Antes que ele pudesse reagir, ela já segurava uma de suas m?os entre os dedos, examinando a palma e os cortes que deveriam estar ali.
Mas eles n?o estavam.
Nwyn franziu o cenho. A pele antes rasgada agora era apenas uma cicatriz esbranqui?ada e fina, como se houvesse se fechado há semanas. Ele n?o sentia dor. Nenhuma ardência, nenhum inc?modo.
Seu peito apertou.
— Onde está o corte? — a criada perguntou, com o cenho franzido.
— Aqui… — Ele indicou o lugar por reflexo, mas hesitou.
Ela ergueu os olhos para ele, desconfiada.
— Você bateu a cabe?a também?
Nwyn abriu a boca, mas n?o soube o que responder. Ele sabia o que deveria estar ali. O corte fora feito ontem. Ainda deveria estar aberta, vermelha, latejando. Mas estava completamente fechado.
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A criada soltou um "hm" desconfiado e largou a m?o dele.
— Bom, senhor Garlei havia dito que estava pior. Melhor para você ent?o.
Ele permaneceu olhando para a própria m?o, como se tentasse encontrar uma explica??o para aquilo. Mas a mulher já se afastava, apontando com a cabe?a para a bandeja que deixara sobre a mesa.
— Agora, quer comer algo ou vai ficar aí olhando para o nada?
A criada n?o esperou resposta antes de girar nos calcanhares e seguir pelo corredor.
— Venha, vou preparar algo para você comer.
Nwyn a seguiu, ainda sentindo a estranheza da própria m?o, mas guardou suas perguntas para si. A cozinha era espa?osa e bem iluminada, com uma grande mesa de madeira no centro e prateleiras repletas de temperos, potes e utensílios. O cheiro de p?o recém-assado pairava no ar, reconfortante.
A mulher já come?ava a se mover de um lado para o outro quando Nwyn quebrou o silêncio:
— Qual o seu nome?
Ela parou por um instante e virou-se para ele, parecendo surpresa pela pergunta.
— Hm? Ah, sou Edine.
— Edine. — Ele repetiu o nome, assimilando-o. — Sou Nwyn.
Dessa vez, foi ela quem piscou, encarando-o com surpresa genuína.
— Ora, ent?o é você. — Um sorriso puxou de leve um canto de sua boca. — O senhor Garlei sempre falou muito de você. Sempre estava ansioso para que viesse visitá-lo.
Nwyn piscou, processando aquela informa??o. Ele sabia que Garlei gostava dele, claro, mas ouvi-lo daquela forma o pegou desprevenido.
— Falava muito de mim?
Edine soltou uma risada curta.
— Mais do que imagina. "Ah, Edine, comprei esse livro, vou deixar para o Nwyn quando ele vir." "Ah, Edine, esse vinho é bom, talvez algum dia Nwyn possa provar, n?o sei se ele bebe." "Ah, Edine…" — Ela balan?ou a cabe?a, rindo sozinha. — Ele sempre esperava sua visita, mesmo sem aviso.
Nwyn abaixou os olhos por um instante. N?o soube o que responder a isso.
Ela ent?o puxou uma toalha limpa e come?ou a arrumar a mesa para ele. Nwyn, sem pensar muito, pegou alguns pratos para ajudá-la.
— Ora! — Ela parou, observando-o com as sobrancelhas erguidas. — Que rapaz prestativo.
— E por que n?o seria? — Nwyn questionou, enquanto organizava os utensílios.
— Ah, bem… — Ela deu de ombros. — Muitos jovens nobres n?o sabem nem segurar um prato direito.
— N?o sou nobre.
Edine pareceu satisfeita com a resposta.
— Isso eu percebo.
Ela voltou a trabalhar na mesa, e quando tudo estava pronto, Nwyn se encostou no balc?o, observando-a preparar algumas ervas e ingredientes.
— Onde Garlei foi?
— Hm? Ah, ele disse que era algo importante. Ficará fora até de tarde.
A informa??o ficou martelando na mente de Nwyn. Ele queria perguntar mais, mas pelo tom de Edine, parecia que Garlei n?o dera detalhes nem para os criados.
Ela olhou para ele e inclinou a cabe?a.
— Ele pediu que eu o acordasse para o almo?o, que por sinal é daqui a uma hora.
Nwyn assentiu. Depois de tudo o que passara, até se sentia bem, mas a ideia de apenas esperar n?o lhe agradava.
— Precisa de ajuda?
Edine pareceu surpresa pela segunda vez, mas logo riu e abanou a m?o.
— Ah, agrade?o, mas temos criados o suficiente para isso. O senhor pode descansar um pouco.
Nwyn hesitou, mas decidiu n?o insistir.
Ele precisava pensar.
— Você mencionou livros? — perguntou, como se fosse um comentário qualquer.
Edine ergueu os olhos por um instante, antes de soltar uma risada leve.
— Ora, claro que sim. Disse que tinha alguns que o senhor Nwyn gostaria, guardados na biblioteca.
Biblioteca.
Nwyn já sabia que Garlei tinha uma, ele mesmo havia mencionado antes, mas n?o queria parecer empolgado com aquilo.
— Onde fica?
Edine limpou as m?os no avental e apontou com o queixo.
— No primeiro andar, depois do sal?o, antes do corredor que leva ao pátio interno. Você pode ir até lá se quiser. Se quiser levar um prato de comida para ler enquanto espera o almo?o, fique à vontade.
Nwyn arqueou uma sobrancelha.
— E n?o vou levar uma bronca por isso?
Edine riu.
— Só n?o coma demais. Um tira-gosto n?o faz mal, mas quero você com fome quando o almo?o for servido.
Ele soltou um pequeno sorriso e assentiu.
— Obrigado.
Fez um prato com algumas coisas simples do que ela preparava — um pouco de p?o, queijo, algumas frutas cortadas — e se despediu com um aceno antes de sair da cozinha.
Seguiu pelo corredor em dire??o à biblioteca, mas, ao passar pelas escadas que levavam ao segundo andar, seu corpo parou sozinho.
Ali, no alto da escadaria, ele viu o vulto outra vez.
A mulher de cabelos castanho-avermelhados atravessava o corredor, sua silhueta se esgueirando na dire??o oposta, sem pressa, como se estivesse apenas cumprindo alguma tarefa.
Nwyn franziu a testa, o inc?modo retornando como uma press?o sutil na nuca.
Ele apertou o prato em suas m?os e retomou o caminho para a biblioteca.
A biblioteca n?o era grande.
Era um c?modo modesto, com algumas estantes de madeira escura alinhadas contra as paredes e uma poltrona confortável perto da janela. A luz suave filtrava-se pelas cortinas finas, criando um ambiente tranquilo, quase isolado do resto da casa.
Para Nwyn, no entanto, era um máximo.
Ele deslizou os dedos ao longo da lombada dos livros, sentindo a textura do couro gasto, do papel envelhecido. Um mundo inteiro de palavras armazenado ali, esperando para ser descoberto.
Foi Garlei quem o ensinou a ler.
No início, quando ainda podia se dar ao luxo de deixar a Central sem tantas responsabilidades, ele cavalgava até a fazenda para vê-lo. Sempre chegava com um livro em m?os, insistindo que Nwyn aprenderia mais rápido do que imaginava. E, de fato, aprendeu.
Lembrar-se disso trouxe um calor estranho ao peito.
Sacudindo a cabe?a, ele afastou a sensa??o e voltou a focar nos livros.
Precisava de algo útil.
Percorreu os títulos, buscando algo sobre a Central e a Guilda. Se ia ao banquete, precisava entender melhor o que estava prestes a "enfrentar". O que quer que estivesse esperando por ele naquela noite, ele queria estar preparado.
Escolheu alguns volumes e se acomodou na poltrona, repousando o prato de comida ao lado.
Abriu o primeiro livro e come?ou a ler.
O tempo escorria entre as páginas amareladas.
Nwyn leu sem pressa, absorvendo cada linha sobre a Central, suas raízes, as disputas e alian?as que moldaram a cidade ao longo dos anos. Ele queria entender o terreno onde pisava, os rostos que encontraria no banquete, os jogos n?o ditos que aconteciam por trás dos sorrisos. Sylvianne era a atual governanta, tia de Garlei, Nwyn nunca a viu e estava com medo de a conhecer.
Foi ent?o que o som da porta se abrindo o tirou do transe. O rangido foi leve, mas o suficiente para arrepiar sua pele.
Seu corpo reagiu antes da mente, os músculos tensos, os olhos se erguendo do livro no mesmo instante. O som abafado da porta se fechando fez seu cora??o acelerar, uma lembran?a instintiva do perigo o percorrendo.
Ele n?o estava sozinho.
Da posi??o onde estava — entre estantes no canto da biblioteca — via apenas parte da entrada. Mas foi o suficiente.
Uma jovem estava ali.
Pele morena, fei??es marcantes. Seu cabelo castanho-avermelhado caía até os ombros, um pouco bagun?ado, como se estivesse sempre em movimento. Seus olhos eram grandes, expressivos, mas naquele momento estavam arregalados em surpresa.
Ela n?o esperava vê-lo ali.
Havia algo em sua postura — uma tens?o nos ombros, um resquício de hesita??o nos dedos que seguravam um pequeno frasco escuro. Pequeno o bastante para caber na palma da m?o.
Os olhos de Nwyn foram até o frasco e voltaram para o rosto dela.
Um instante.
Longo o bastante para que o ar parecesse mais pesado, para que ele sentisse o súbito silêncio pulsar entre os dois.
Ela n?o disse nada.
Nwyn umedeceu os lábios, sua voz saiu rouca pelo tempo sem falar:
— Hum... Oi.
O som quebrou o feiti?o.
Os olhos dela piscaram rápido, como se algo dentro dela voltasse ao movimento. Em um instante, sua m?o se fechou ao redor do frasco, os músculos da mandíbula se contraíram.
A jovem girou nos calcanhares e saiu t?o rápido quanto entrou, quase sem fazer barulho.
Rápido demais.
O silêncio se fechou ao redor de Nwyn mais uma vez. Ele ficou ali, imóvel, olhando para a porta que agora estava fechada.
Algo estava errado.
Ele n?o sabia o quê.
Mas estava errado.
Nwyn n?o hesitou.
O livro caiu de seu colo quando ele se levantou, deixando tudo para trás. O prato com comida, os volumes que havia escolhido, até mesmo a poltrona confortável onde estivera mergulhado na leitura. Nada importava naquele instante além da figura que escapara t?o rapidamente da biblioteca.
Ele alcan?ou a porta em poucos passos e a abriu, saindo para o corredor com o cora??o acelerado. Seus olhos varreram os arredores, procurando qualquer sinal da jovem. Mas o corredor estava vazio. Nenhum rastro de movimento, nenhum som de passos apressados.
Ele franziu o cenho. Ela n?o podia ter sumido t?o rápido.
Caminhou até o final do corredor, espiando pelas esquinas, tentando captar qualquer resquício de sua presen?a. Mas a casa era grande, cheia de passagens e portas que levavam a diversos c?modos. Se ela quisesse desaparecer, tinha muitos lugares para onde poderia ter ido.
Foi ent?o que avistou Edine.
A cozinheira vinha do lado oposto, carregando uma cesta com alguns panos dobrados dentro. Ao vê-lo, ergueu uma sobrancelha, surpresa com sua express?o tensa.
— Ora, está correndo de quê, senhorzinho?
Nwyn parou diante dela, ainda buscando algum sinal da mulher, mas sem sucesso.
— Você viu alguém passar por aqui? — perguntou direto, o tom levemente urgente. — Uma jovem, cabelo castanho-avermelhado, pele morena…
Edine franziu a testa, pensativa.
— Hm… n?o que eu tenha reparado.
Nwyn apertou os lábios, insatisfeito.
— Você sabe quem ela é?
A cozinheira inclinou um pouco a cabe?a, avaliando-o.
— Difícil dizer. Muitos criados vêm e v?o nesta casa, e eu n?o sou responsável por eles. Só cuido da cozinha.
Ele assentiu, processando a informa??o. Fazia sentido. A casa de Garlei tinha um fluxo constante de empregados, especialmente agora que o banquete estava próximo. Mesmo assim, algo naquela mulher n?o parecia… comum.
Nwyn suspirou, esfregando a nuca.
Edine cruzou os bra?os, arqueando uma sobrancelha.
— Essa mo?a te fez algo?
Ele hesitou por um momento.
— N?o. Mas quero saber quem ela é.
A cozinheira soltou um pequeno “hm”, mas deu de ombros.
— Certo. Se eu vir alguém. Te aviso. Pensei que tinha sentido o cheiro dos meus famosos p?es de centeio.
Nwyn voltou a realidade, acalmando sua cabe?a.
— N?o, estou com o nariz entupido.
— Sei um bom chá que vai te aliviar, venha senhorzinho. — Ela ergueu o bra?o, como se fosse para ele entrar embaixo das asas da senhora, Nwyn sorriu, seu cora??o quente. E ent?o a seguiu novamente.