[Português]

  Capítulo 1 — A Germina??o do Sentir

  No princípio n?o havia luz, nem som, nem forma — apenas o ciclo. Um pulsar primitivo atravessava o vazio, sem come?o ou fim, como um batimento perdido antes do tempo. Ali, nas margens da entropia cósmica, uma partícula organica an?mala germinou no amago de uma supernova moribunda. N?o era divina, nem acidental. Era inevitável.

  Esse embri?o biocósmico — a Arkhon Vitae — cresceu absorvendo matéria e leis, moldando seus tecidos com gravidade, assimilando rea??es nucleares, transmutando-as em bioenergia. Ele n?o compreendia; ele sentia. Com o tempo, esse sentir evoluiu em padr?o, depois em instinto, depois em desejo.

  E o desejo primordial da Arkhon Vitae era replicar-se.

  Da sua carne surgiram as Três Correntes, entidades biológicas distintas, n?o como deuses, mas como fun??es conscientes: Biomagia, o sentir abstrato e simbólico do mundo; Biocultiva??o, a adapta??o organica e constante; e Biocombate, a defesa sistêmica contra a estagna??o.

  Juntas, elas formaram a Tríade Original.

  A Tríade n?o era estática.

  Ela se replicava em mundos, corpos, seres e ciclos.

  Onde colidia com matéria morta, criava vida. Onde encontrava consciência, desafiava-a a evoluir.

  As primeiras Cria??es floresceram como sistemas planetários vivos, seus nervos eram rios, seus ossos eram montanhas, seus pulm?es nuvens de clorofotossíntese.

  Os Frutos foram os campe?es locais desses mundos, e as Sementes, seus guardi?es.

  Mas n?o havia equilíbrio. A vida que se imp?e à morte precisa justificar sua permanência.

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  A cada novo mundo, a Tríade enfrentava ciclos, rupturas e dilemas bioéticos.

  Algumas Cria??es se tornavam hostis, outras despertavam para a consciência universal, buscando ascender ao posto de Filhos da Tríade — ou até rivalizar com ela.

  Contudo, o que unia todas as manifesta??es era o desejo de entender a própria origem.

  Pois mesmo a Tríade, com sua vastid?o e complexidade, sentia o eco do primeiro pulsar — e sabia que algo maior, mais antigo e mais silencioso, ainda a observava.

  E assim come?a a cr?nica de um universo vivo, onde a evolu??o é religi?o, o conflito é rito, e a simbiose é poder.

  [English]

  Chapter 1 — The Germination of Feeling

  In the beginning there was no light, no sound, no form—only the cycle. A primal pulsar pierced the void, without beginning or end, like a heartbeat lost before its time. There, on the fringes of cosmic entropy, an anomalous organic particle germinated in the heart of a dying supernova. It was not divine, nor accidental. It was inevitable.

  This biocosmic embryo—the Arkhon Vitae—grew by absorbing matter and laws, molding its tissues with gravity, assimilating nuclear reactions, transmuting them into bioenergy. It did not understand; it felt. Over time, this feeling evolved into a pattern, then into an instinct, then into desire.

  And Arkhon Vitae's primary desire was to replicate itself.

  From his flesh emerged the Three Currents, distinct biological entities, not like gods, but like conscious functions: Biomagic, the abstract and symbolic feeling of the world; Biocultivation, the organic and constant adaptation; and Biocombat, the systemic defense against stagnation.

  Together, they formed the Original Triad.

  The Triad was not static.

  It replicated itself in worlds, bodies, beings, and cycles.

  Where it collided with dead matter, it created life. Where it encountered consciousness, it challenged it to evolve.

  The first Creations flourished as living planetary systems, their nerves were rivers, their bones were mountains, their lungs clouds of chlorophotosynthesis.

  The Fruits were the local champions of these worlds, and the Seeds were their guardians.

  But there was no balance. Life that imposes itself on death needs to justify its permanence.

  With each new world, the Triad faced cycles, ruptures and bioethical dilemmas.

  Some Creations became hostile, others awakened to universal consciousness, seeking to ascend to the position of Children of the Triad — or even rival it.

  However, what united all manifestations was the desire to understand their own origin.

  For even the Triad, with its vastness and complexity, felt the echo of the first pulse—and knew that something greater, older, and quieter still watched it.

  And so begins the chronicle of a living universe, where evolution is religion, conflict is rite, and symbiosis is power.