O grito choro de Rualovu, alarma Globrilov que estava na sala de estar. Ele velozmente se joga contra a porta da sala de banho e a abre, apenas para ver uma cena que o deixa atordoado e aterrorizado.
''O QUE HOUVE COM O MENINO?''
Em muito tempo, todos da casa escutam Globrilov rugir com um rosnado louco.
E isso tira Vermuthi, Moíah e Rualovu de seus espíritos tomados pela perdi??o desorientadora.
Sem dar tempo para explica??es, Globrilov ergue Graco do ch?o, enrolando-o em uma toalha e o traz para o sofá. Em menos de uma dezena de segundos, ele agiu como um paranóico ágil.
Globrilov invade Graco com sua Energia Vital, ao sentir ele morto, Globrilov dá um salto assustado. De um momento para o outro ele fica paralisado, sem rea??es e encarando fixamente seu neto aparentando um defunto.
Vermuthi, Moíah e Uvu saem do banho com toalhas enroladas no quadril, eles n?o conseguem dizer nada. Tanto por vergonha de n?o saber explicar, quanto por n?o poderem fazer nada.
As mulheres descem as escadas rapidamente, os gritos a alarmaram, mas s?o recebidas com o que nunca esperavam. Toda a cena bizarra as deixam em descren?a desnorteada.
Se aproximando de Graco, se sentem inóspitas, todo o silêncio que caiu no ambiente é a resposta mais clara que poderiam receber.
Suas m?es já estavam se abra?ando e solu?ando, Kalinie estava abra?ando uma petrificada Kibi, Moíah estava com a m?o na cabe?a de um Uvu chorando silenciosamente e Vermuthi apenas ficava derramando lágrimas sem express?o alguma.
Em um segundo para o outro, Graco desperta, levantando-se tentando agarrar algo simultaneamente que inspira o máximo de ar que pode, como se estivesse sedento e faminto por oxigênio. Sua express?o é de total desespero e panico.
O acordar abrupto e veloz, assusta a todos. Apavorados eles olham para Graco arfando sentado e olhando para o nada com olhos desfocados, ele nem os vê.
O silêncio continuava por algumas respira??es até Graco gritar de uma forma arranhada e bestial, como o uivo de um animal encurralado.
'Voltou, ainda bem. O que aconteceu com você? Eu me assustei pra caralho'
Eztli fala trêmula com cansa?o e pavor, mas com alívio, na consciência de Graco
'Me desculpa, mas acho que foi o rebote da Cornucópia Portento. Do nada eu tinha perdido tudo que faz de um humano um humano. Emo??es, sentimentos, sensa??es, sentidos, controle do meu corpo. Eu me senti um aleijado saco de carne com sapiência, aí do nada fiquei inconsciente.'
Graco explica com temor, instintivamente ele abra?a a alma de Eztli, pois sente um pavor avassalador, trêmulo e instável. Virou um hábito entre os dois, como se fosse um zelo que os protege e os fortalece.
Ela apenas acenou em concordancia e entrou em silêncio, ela pode ressentir o que ele sentiu, e ela faz isso. N?o dando nem um segundo, ela logo saiu daquele estado desumano e se aconchegou ainda mais na alma de seu companheiro.
Incrédulos, todos olham para o garoto sem saber o que fazer. Graco recebendo de volta sua consciência, percorre seu olhar entre seus familiares e fica perplexo.
''Foi a Sinecura ... ela sincronizou de vez.''
Graco diz para quebrar o silêncio, é a única coisa que vem a sua mente abalada. Ele olha para todos à sua volta que o olham com descren?a e alívio.
Ele n?o recebe respostas verbais. Subitamente, Globrilov levanta Graco pelas axilas e abra?a o garoto com for?a.
Graco n?o sabe como agir, mas ele sente pingos mornos em suas costas, e isso é o suficiente para ele abra?ar o pesco?o de seu Av? esguio e de poucas falas.
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Globrilov teve seus lados abra?ados por suas sobrinhas, e ali ele desabou. Poucas vezes, viram ele chorar, porém neste momento, todos viram e notaram, inclusive as inocentes e ingênuas crian?as, o quanto este velho homem introvertido ama seus netos e sua família.
Ele n?o iria deixar ocorrer outro desastre como no passado, era uma promessa interna, mas mesmo assim ocorreu, sem nem ele perceber, um prelúdio aterrorizante a poucos metros dele, e isso acendeu um sentimento de incompetência nele, que só foi amenizado após Graco dizer várias vezes que ele fez o que p?de.
Fungadas e assopros surgem, logos abra?os contínuos e apertados, beijos em seu rosto chovem. Kibi e Rualovu demoraram para se desprender em seus abra?os, eles estavam praticamente traumatizados de verem Graco daquele jeito.
Kalinie quase esfolou Moíah e Vermuthi por n?o terem gritado o quanto antes, mas ela só fez isso após os abra?ar como um urso, apesar de ser mais baixa. Ela é a irm? mais velha de Vermuthi, e isso está enraizado no subconsciente do robusto homem.
Quando tudo se acalma depois de dezenas de minutos consolantes, e todos est?o sentados nos sofás e poltronas, as perguntas vêm em uma maratona de questionamentos. E Graco os responde com calma inesperada a eles enquanto está sentado no mesmo lugar que acordou.
''Meu filho, o que aconteceu? Uma hora eu estava te contando o passado na outra você estava sem vida.''
Vermuthi perguntou exasperado e com olhos avermelhados, o que ele sentiu era o fim, há anos ele n?o se desesperava daquele jeito.
''Quê? eu estava morto?''
Surpresa é evidente, afinal ele n?o sentia nada, e neste ponto ele nem estava vivo.
'Sim, coitado de Uvu e Kibi por verem aquela cena horrível.'
Eztli afirma e confirma com empatia. Ela sabe que a cena vai caminhar pelas memórias das duas crian?as.
''Sim''
Todos vociferam em sincronia, afinal o sentimento de desesperan?a e horror eram mútuos.
''Eu n?o sei o que exatamente ocorreu, mas a Sinecura de Kovskaya ativou pela primeira vez.''
''Isso n?o importa, queremos saber se você está bem, meu filho''
''Pequeno Ac, nos diga se você estiver sentindo qualquer coisa anormal.''
As gêmeas dizem com fervor e preocupa??o, elas est?o sentadas ao lado de Vermuthi, que tem Kibi e Uvu abra?ados em seu colo.
''Estou normal, m?es. Aquilo foi o pre?o de usar o poder, eu acho.''
''Ent?o n?o o use mais.''
Globrilov diz com nervosismo trazendo um tom de ordem.
''Isso n?o é uma Cornucópia Portento, olha o estado que ficou o nosso garoto.''
''é uma maldita Insurrei??o Anátema, só pode, e o pequeno Ac nem fez nada na vida para merecer isso.''
Kalinie reclama com raiva, e Moíah com revolta, e ele passa o bra?o ao redor das costas de sua esposa amedrontada e os dois entrela?aram os dedos de suas m?os um com o outro.
''V? Glob tem raz?o, Ac. N?o faz mais aquilo, por favor.''
Uvu pede com uma voz chorosa e Kibi apenas acena freneticamente em concordancia.
''Esse poder n?o faz bem, meu irm?ozinho.''
A ordem e pedido geram uma fei??o incerta em Graco, porém logo descarta a express?o, substituindo-a rapidamente pela aceita??o que mascara seus pensamentos viciosos.
''Tá bom, n?o vou mais usar essa Sinecura.''
Graco suspira, ele sabe que para ganhar teve que perder, e agora, para usar, n?o pode vacilar diante do medo.
'Pelo menos em suas frentes.'
Ele discorre inquieto, ele, se pudesse, faria o que prometeu. No entanto, ele sabe que a realidade irá for?ar sua m?o, e ele será obrigado a usar.
A realidade, na verdade, já está tramando contra ele, pois as primeiras mentiras dele como Graco, iniciaram-se com as pessoas que ele agora ama. Isso gera um peso em Graco, e este é o peso de uma das diversas cruzes que ele e Eztli carregar?o.
Além de que a discrepancia de sua express?o genuína e inocente com a correria de seus pensamentos nefastos e tóxicos, lembram Eztli que Graco ama em proporcionalidade e em paralelo com sua infausto persona.
Isso causa uma amargura em sua boca, ele tenta engolir tal sentimento e seguir em frente, ele sabe que as mentiras e falsas promessas v?o se acumular durante o tempo até estourarem em sua cara, porém esta é a consequência do que ele e Eztli buscam.
Nesta balan?a, a paz e felicidade s?o um produto raro e exorbitante, elas foram muito disputadas ao longo das eras, mas também foram descartadas ou trocadas por mercadorias mais avarentas, mundanas e supérfluas.
Para as ter terá que jogar as moedas da dissimula??o, insensibilidade, letalidade e opress?o. A paz é irm? da amea?a, porque somente com a possível chance de destrui??o mútua e de batalhas infrutíferas entre dois oponentes, é que resultará na paz.
A paz devido a inconveniência, n?o pela conveniência.
Ele apenas pisou o pé na ponta deste iceberg de magia e bizarrices, os perigos empurram recompensas de penhascos letais, se ele n?o mergulhar na periculosidade destes desafios esotéricos, como poderá se tornar nocivo equivalentemente a uma punhalada certeira na garganta?
'Concordo com você, Graco. Contudo, para conseguir protegê-los, deve também se proteger. Seja extremamente inescrupuloso com os outros, e com ainda mais autopreserva??o. Se em nosso antigo mundo, já era insalubre e letal as batalhas, qui?á este.'
Ela o avisa com receio, pois n?o consegue distinguir bem se isso é um distúrbio de inconsequência ou disfun??o colateral.
'E vou, n?o quero morder mais do que posso mastigar. Tenho você comigo agora, n?o me perderei neste caminho. Tenho pessoas que gosto e amo, e preciso estar vivo para aproveitar o tempo com elas. N?o posso ser influenciado por maluquices.'
'Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto ...'
Graco brinca com uma tonalidade perigosa.
'Este poder é relacionado com o que sentimos, e o que mais move o motor da mente humana do que está gasolina extremamente inflamável chamada emo??o e sentimento? Temos uma arma com balas invisíveis, indolores e imperceptíveis, se n?o a usarmos, seremos tolos.'
Graco afirma com fervor e obstina??o. Ele sabe que estimular ou atrofiar é a configura??o deste poder estranho.
Eztli somente suspira, ela caminhará ao lado de Graco enquanto reza pelo bem desses poucos, mesmo que seja às custas de muitos.
Ela de gota em gota está sendo influenciada pelo séquito de pensamentos atrozes de Graco, e aceita, pois é útil, afinal ela deve se preparar, pois a sua vida come?a nesta vida. E ela o mesmo com Graco, a bondade dela se alastra até a conveniência pelos conceitos de Graco.
Nesta roda, nesta espiral de acontecimentos e eventos, os humanos ser?o seus opositores.
Ele tem a ferramenta em suas m?os, ele ganhou o mecanismo de transtornar e deturpar as pe?as destas máquinas cerebrais em suas cabe?as, de manusear e lubrificar tal maquinário primordial.
E, obviamente, ele espera também ter a capacidade de guiar as formigas e ratos como um flautista hipnotizante, ser capaz de articular os cord?es dessas marionetes e fantoches. Afinal, a for?a dos inúteis está em suas imensas quantidades.
Ele sentiu a morte mais uma vez, e isso, obviamente, o assustou e desesperou. é um medo primitivo, está no amago de todos os seres vivos, e isso é bom, pois foi um lembrete para Graco.
Avisando-o como um oráculo profetizando que ele está em um caminho tortuoso e desconhecido. Nesta vida, perder ou errar, é sin?nimo do fim.