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O ANÚNCIO DO FLAGELO – 115.213

  Eu ouvi, por isso n?o deixei meu cora??o ser tomado pelo medo. Esse tempo aqui é muito curto para ser temido.

  I

  Algo se anunciava, sem que fosse possível identificar com certeza o que seria. Mas, lentamente, os avisos foram aumentando, se espalhando com enervante suavidade e se contaminando com notícias diferentes, como quedas de inúmeras montanhas por todo o planeta, como o surgimento de vulc?es terríveis e poderosos, isso onde os vulc?es s?o conhecidos, naturalmente. Em todo o caso, notícias corriam dentro da camada de ar do planeta, e todas elas falavam de calamidades, e a mais recorrente era de inunda??es gigantescas.

  - Lázarus, você precisa ver o que foi identificado – falou Ariel tomada de agita??o, sem nem mesmo tocar no ch?o. Os outros ficaram olhando, enquanto os dois anjos subiam muito alto no céu e tomavam a dire??o norte.

  Assim que viu o que estava acontecendo com as geleiras, que estavam ali desde sempre, viu as enormes consequências do que estava para acontecer.

  - O sul – falou, agora tomado de agita??o porque, ao que tudo indicava, o tempo era menor do que haviam pensado.

  Quando viram as imensas geleiras amontoadas no continente gelado ao sul do planeta, sentiram seus cora??es pesarosos.

  Vulc?es estavam ativos ali, e rios imensos corriam para o mar, cavando no gelo imensas fendas, túneis e canions. O ar por todo aquele lugar estava diferente, e eles puderam sentir que as correntes oceanicas e as correntes de ar estavam todas confusas, como se estivessem procurando algum novo ponto de equilíbrio.

  - Você viu isso? – Ariel apontou espantada, para uma ilha que se sobressaia do mar.

  - Vi... A ilha subiu, ao n?o ter mais o peso de todo aquele gelo sobre ela. Mas essas massas de terra que será tirada do mar n?o ir?o fazer qualquer efeito sobre as águas que descem para ele.

  Com pesar Lázarus se p?s em silêncio, escutando, imergindo em qualquer som daquelas paragens, antes t?o solitárias. Agora havia aquele ruído incessante de gelo sendo partido e cisalhado, e de montanhas de gelo se abatendo sobre os oceanos.

  - O mundo n?o vai aguentar isso – Ariel suspirou. – Acha que nós e os anjos podemos reverter isso?

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  - N?o acho... Para ser algo enorme assim, em todo o planeta, tem que ser algo que n?o se pode alterar, modificado ou bloqueado. Um poder maior quer isso, e n?o temos como pensar em impedir. O que nos resta é apenas nos prepararmos. Pelo menos, agora, temos a confirma??o do que está vindo... – falou, descendo do azul infinito junto ao pico de uma montanha, que sabiam ia muitos e muitos metros gelo abaixo.

  Lázarus desceu um joelho e apoiou a m?o no gelo, e escutou. Ouviu novamente aquele sussurro, como ouvia na terra junto aos grandes lagos, como se as águas estivessem, sutilmente, se revolvendo.

  - N?o vai demorar. Vamos ter que apressar os planos de Emanoel e dos anjos – avisou. – Ah, como aqui é belo – suspirou, olhando com amor para toda aquela brancura imensa, apesar de estar sendo pavorosamente agredida.

  - é sim... – Ariel sorriu, vendo o sorriso no rosto de Lázarus. Como lhe fazia bem quando ele estava ancorado, quando estava amoroso. Era quase sempre assim, ao menos em sua presen?a. Rezava para que isso continuasse, porque dias terríveis estavam por vir.

  - Sabe por que Emanoel nos deixa no escuro? – perguntou, uma pequena mágoa na voz.

  - O que está para acontecer aqui n?o nasceu aqui, mas vem de outras dimens?es. Aposto como os esfor?os dele, para abertura de alternativas, deve ser imenso. Nós, aqui, estamos preocupados com o micro, ele, com o macro. No momento certo ele vai nos contar. Confio nele.

  - E se ele n?o aparecer?

  - N?o mudará nada. Confio nele! Sabemos o que está para acontecer. E Emanoel já nos disse algumas das providências que podem ser tomadas, n?o disse? Além disso, ele ainda confirmou o acerto de outras providencias que tomamos, n?o foi?

  Ariel sorriu.

  A paz de Lázarus, a paz vinda daquele guerreiro velho e de tantas estórias cruéis realmente era inspiradora.

  – é, você está certo. Ent?o, vamos?

  - Sim, claro – falou se elevando e olhando tudo ao redor, como um até breve.

  Ent?o subiram suavemente, sem pressa. Já tinham as respostas para as perguntas que martelavam os seus dias, desde quando sentiram que algo grandioso estava para acontecer.

  II

  - Que espalhem as notícias – Lázarus falou para as assembleias dos danatuás, porque eles haviam sido novamente convocados. – Muitos ir?o morrer e deixar esta vida, porque essa parece ser a determina??o do Trov?o. Mas, cabe a nós tentar, e essa capacidade também é Dele – Lázarus sorriu, tentando demonstrar toda a confian?a que lhe ia na alma. – Construam barcos altos e cobertos, porque as águas est?o vindo; encham esses barcos de provis?es e sementes e animais para as novas terras que surgir?o após, porque as águas est?o vindo. Que pessoas e homens se unam nisso, e que cada ra?a e espécie se preserve. Encham seus cora??es com tudo de bom e honrado que possuímos, porque a vida n?o termina aqui. Entendam que há um motivo para esta limpeza que o Trov?o chama para Gaia: a iniquidade e a capacidade de fazer o mal, que foi demonstrada na última guerra, foi imensa demais. Mas, ser?o os bons, aqueles da luz que herdar?o a nova terra que vai surgir. Espalhem isso. Espalhem a esperan?a, n?o o medo como desejam aqueles perdidos na escurid?o; espalhem o respeito e o amor sem condi??o alguma, n?o o egoísmo e o terror, como desejam os escuros. Muitos dentre nós têm os modelos do que pode ser construído para vencer esses dias: que ensinem. V?o, e espalhem isso, e aqueles que quiserem e estiverem prontos para ouvir, saber?o o que fazer. E sejamos rápidos, meus amigos, porque as águas est?o vindo.

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